O ECG mostra ondalações na linha de base com frequencia em torno de 375,com ondas irregulares, que lembram fibrilação atrial grosseira. O padrão lembra flutter atrial também até porque o RR é regular. Observando atentamente o traçado podemos ver que em D3, além de não apresentar as ondulações, podemos visualizar ondas P (pequenas, mas visíveis) antes do QRS. É importante lembrar que nos ECGs de três canais cada grupos de 3 derivações (I-II-III), (AVR-AVL-AVF), (V1-V2-V3), (V4-V5-V6) registram eventos ques são simultâneos; assim se existe P em D3, então existe P em D1 e D2. Em D1 e D2 as P estão escondidas na linha de base. Portanto, se trata de ARTEFATO simulando arritmia, neste caso causado por tremor muscular. Acrescento que na fibrilação atrial o ritmo é irregular e não regular como nesse exemplo, o que seria claramento percebido na faixa de frequencia cardíaca deste traçaco, de 88 bpm. Às vezes quando a resposta ventricular é muito elevada a fibrilação atrial pode parecer regular.
O diagnóstico de artefato somente é possível pela análise de D3.
Destaco que a interpretação do ECG é feita adequadamente quando se analisa o traçado com atenção, procurando ter uma visão global do traçado e também com atenção aos detalhes. Muitas vezes a chave para a correta interpretação é um detalhe que pode ser imperceptível aos olhos menos treinados. É importante estar sempre atendo aos dados clínicos do paciente. Muitas vezes um mesmo padrão eletrocardiográfico tem significado diferente, dependendo da idade e quadro clínico apresentado pelo paciente.
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