sábado, 20 de novembro de 2010

CRITÉRIOS ELETROCARDIOGRÁFICOS DO IAM COM SUPRA DE ST. OUTRAS CAUSAS DE SUPRA DE ST

A causa mais comum é obviamente o IAM com supra de ST, onde o supradesnível se acompanha de depressão de ST nas derivações contra-laterais, a chama alteração recíproca (exemplo: supra na parede anterior associado a depressão de ST na parede inferior-D2, D3, AVF); as alterações de ST-T são dinâmicas e geralmente precedem o surgimento das ondas Q patológicas. Os crite´rios para o diagnóstico do IAM com supra de ST são:
1. Supra de ST ≥ 2 mm no ponto J em V1-V3 ou ST ≥ 1 mm nas outras derivações, em duas ou mais derivações contíguas.
2. Ondas Q patológicas: qualquer onda em V1-V3, e Q ≥ 0,03 s nas outras derivações.
3. Alterações recíprocas em derivações que representam a parede contralateral.

3. Onda R ampla em V1-V2, com relação R/S ≥ 1, na ausência de outras causas de R amplo em precordiais direitas (distúrbio de condução e HVD).
Por outro lado, várias condições são causas de supra de ST e podem ser confundidas com IAM, entre as quais citamos:
1.Repolarização precoce: Apresenta-se como elevação rápida do segmento ST, com concavidade superior, associado a ondas T amplas, assimétricas e entalhe no final do QRS (ausente em alguns casos).
2.Pericardite e miocardite aguda: supra difuso de ST, exceto em AVR.
3.Angina de Prinzmetal: supra transitório de ST, geralmente nos episódios de angina, sem ondas Q.
4.Cardiomiopatia de Tako-tsubo: padrão similar ao do IAM.
5.Bloqueio de ramo, ritmo de marcapasso ventricular e hipertrofia ventricular. (alteração secundária): presença dos critérios de bloqueio de ramo ou HVE.
6. síndrome de Brugada: supra de ST e padrão de BRD em precordiais direitas-V1,V2- com aspecto típico (muito rara).
7. hipercalemia (incomum): pode raramente causar supra de ST associado a T amplas e apiculadas (T em tenda).
NAS CONDIÇÕES CITADAS NÃO SURGEM AS ONDAS Q PATOLÓGICAS, EXCETO NA MIOCARDITE E CARDIOMIOPATIA DE TAKO-TSUBO, ONDE O DIAGNÓSTICO COM IAM É MUITO DIFÍCIL JÁ QUE PODEM TER ONDA Q E CURSAM COM DOR TORÁCICA E ELEVAÇÃO ENZIMÁTICA (NÃO EM TODOS OS CASOS). NA CARDIOMIOPATIA DE TAKO-TSUBO O CATETERISMO MOSTRA CORONÁRIAS NORMAIS E ASPECTO CARACTERÍSTICO NA VENTRICULOGRAFIA. NA MIOCARDITE, ALÉM DO QUADRO DE SÍNDROME FEBRIL (AS VEZES MUITO FUGAZ), O CATETERISMO REVELA CORONÁRIAS NORMAIS, MAS O DIGNÓSTICO É ESTABELECIDO PELA RESSONÂNCIA CARDÍACA COM REALCE TARDIO (O MELHOR MÉTODO HOJE PARA DIAGNOSTICAR MIOCARDITE).
Posteriormente irei postar alguns traçados com supra de ST relacionado a estas outras condições. Discutiremos também as causas de ondas Q anormais ou patológicas.

Referência:
Thygesen K, Alpert JS, White HD, on behalf of the Joint ESC/ACC/AHA/WHF Task Force for the Redefinition of Myocardial Infarction. Universal definition of myocardial infarction. Circulation 2007; 27;116(22):2634-53.

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