Esta é mais um tipo de post que incorporo a este blog: a discussão de artigos relevantes publicados na área de eletrocardiografia. O primeiro artigo que discutiremos é este: "Prognostic implications of bundle branch block in patients undergoing primary coronary angioplasty in the stent era", de Vivas D, et al, publicado no American Journal of Cardiology, neste ano (Am J Cardiol 2010; 105: 1276-83).O estudo teve como objetivo avaliar o significado do bloqueio de ramo em pacientes com IAM submetidos a angioplastia primária com implante de stent. Embora se aceite que o bloqueio de ramo seja um marcador de pior prognóstico no IAM, os estudos prévios em sua maioria eram análises posteriores (post hoc) de outros estudos e não incluindo pacientes submetidos a angioplastia primátia com implante de stent. Este estudo espanhou identificou 140 pacientes com bloqueio de ramo, sendo a prevalência do BRD de 13% e do BRE de 2% (do total de pacientes com infarto agudo). O BRD foi preexistente (antigo) em 23%, transitório em 38% e persistente em 39%. O BRE foi antigo em 38%, transitório em 19% e persistente em 43%. O seguimento médio foi de 19 meses. Os pacientes com bloqueio de ramo foram mais velhos, com maior taxa de DM, infarto de parede anterior, com menor fração de ejeção e tiveram maior mortalidade. Entretanto, na análise multivariada, somente a presença de bloqueio de ramo novo e persistente (BRD ou BRE) foi um independente preditor de morte e reinfarto. O bloqueio de ramo foi definido como persistente quando presente à alta hospitalar.
Após reperfusão, há uma grande taxa de reversão, sobretudo o BRD. O bloqueio transitório, que apresenta reversão com a terapia, não apresenta mau prognóstico, com curva de mortalidade similar ao paciente sem bloqueio de ramo. Este é o principal dado novo deste estudo, além de reafirmar a presença do bloqueio de ramo no IAM como um marcador de pior evolução, com mortalidade hospitalar de 17% nos pacientes com BRD e 29% nos pacientes com BRE e 6% naqueles sem bloqueio de ramo.
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