domingo, 30 de maio de 2010

ECG COM DISCUSSÃO 1


ECG de mulher jovem (35 a) com queixa de disponéia aos médios esforços e dor torácica. Quais as alterações encontradas? Discutiremos as possibilidades diagnósticas.
O traçado mostra ritmo sinusal, FC de cerca de 80 bpm, eixos de P e QRS normais no plano frontal. Intervalo PR=0,16 s e QRS=0,11 s. Presença de critários para HVE: voltagem (Sokolow positivo: SV1 + R V5 ou V6=15+30=45 mm, positivo se >=35 mm) e padrão de strain (depressão levemente convexa do seg ST associado a ondas T invertidas e assimétricas em precordiais esquerdas-V5 e V6). Além disso, observamos onda R grande em V1-V2, sem configurar um R/S >= 1 em V1, mas com evidente aumento da amplitude do R em relação ao padrão normal (rS).
O padrão de HVE com strain evidente ocorre em condiçãoes que cursam com sobrecarga do ventrículo esquerdo (HAS, na estenose aórtica) e miocardiopatias (dilatada, hipertrófica). Acho que estes devem ser o diagnóstico diferencial neste caso. A idade da paciente associado a ondas R grandes em precordiais direitas é compatível com o diagnóstico de cardiomiopatia hipertrófica, confirmado pelo ecocardiograma. Trata-se de uma doença do miocárdio, que caracteriza-se por apresentar hipertrofia, comumente, assimétrica do miocárdio ventricular, geralmente com predomínio no septo interventricular (SIV), com ou sem obstrução dinâmica de via de saída do VE,sendo determinada geneticamente e com frequente evolução com morte súbita, constituindo a principal causa de morte súbita em jovens durante o esforço físico.
O eletrocardiograma é alterado em aproximadamente 90% dos pacientes com mioc hipertrofica. As alterações freqüentemente descritas são: sinais sugestivos HVE, como alta voltagem em derivações esquerdas, ondas Q anormais e alteração da repolarização ventricular (inversão de T). Distúrbios de condução intraventricular, arritmias e áreas eletricamente inativas são menos freqüentes no eletrocardiograma de repouso. Ondas Q patológicas podem ser registrada, bem como ondas R grandes em V1-V2, em virtude do aumento do vetor septal.

Um comentário:

  1. Boa idéia este blog... Já vi um eletro com padrões muito parecidos em um paciente de 32 anos com estenose aórtica. Ele tinha valva aórtica bicúspide!
    Charlene

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