sexta-feira, 10 de junho de 2011

POBRE PROGRESSÃO DE R E ONDAS Q NAS DERIVAÇÕES PRECORDIAIS NO BLOQUEIO FASCICULAR ANTERIOR ESQUERDO (BFAE)

(Bloqueio fascicular anterior em paciente com infarto anterosseptal prévio: presença de ondas Q com duração aumentada de V1 a V3)

Encontramos com certa frequencia laudos de ECG com descrição tipo "área, zona inativa ou necrose" na presença de bloqueio fascicular anterior esquerdo (bloqueio divional anterior esquerdo). Isto ocorre em virtude da ativação anômala verificada no BDASE, que se expressa melhor no palno frontal (desvio do eixo para esquerda), mas causa alterações também no plano horizontal: pobre progressão de R e mesmo pequenas ondas Q encontradas no BFAE, causado pela alteração da orientação dos vetores iniciais. Neste caso, tais aletrações, confundidas com necrose, são causadas primariamente pelo distúrbio de condução (e não relacionadas a necrose). O reconhecimento de necrose antiga no paciente com BFAE tem sido um desafio. As chamadas ondas Q  benignas (não relacionadas a isquemia ou infarto) no BFAE são limitadas a uma ou duas derivações precordiais (até V3) e com duração < 0,03 s. O BFAE pode também estar associados a necrose anterosseptal, por exemplo: no paciente com  infarto prévio (condição mais comum); neste caso as ondas Q apresentam maior duração (>= 0,04 s) e/ou se extendem até V4 ou além, conforme um estudo (referência abaixo). Apesar deste estudo apresentar limitações importantes, como  a pequena amostra, incluisão somente de homens e ser retrospectivo, este achado certamente é plausível, é o esperado.
Outras causas, menos frequentes, de ondas Q de V1 a V3: cardiomiopatias infiltativas (amiloidose, sarcoidose), distrofia muscular, hipertrofia ventricular direita severa, cardiomiopatia hipertrófoca, pré-excitação ventricular, trauma cardíaco.
Já tratamos dos bloqueios fasculares  e causas de ondas Q anormais neste blog.

REFERÊNCIAS:
Shettigar UR, Pannuri A, Barbier GH, et al. Significance of anterior Q waves in left anterior fascicular block--a clinical and noninvasive assessment. Clin Cardiol. 2002 Jan;25(1):19-22.

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